Quando eu era criança ouvia as várias histórias da minha vovó, quando ela tinha a minha idade. Os doces da época, as lendas urbanas, os regimes políticos, as relações com seus pais e também com seus avôs, os conflitos.. as palavras saiam de sua boca e viam a minha mente em forma de paisagens, cheiros e texturas… revivendo um tempo que nem existiu no meu viver. Apenas o Imaginário necessário para compreender uma fração de suas escolhas e modos de ter existido.
Lembro quando estava na 7° série do E.F. minha professora de História disse que existiam desigualdades sociais que nós nem podíamos imaginar. Enquanto estudávamos em uma escola boa, haviam crianças que residiam e moravam em áreas periféricas e bem distantes, zona rural, iam para as escolas com dificuldades (chuva, frio, percorrendo quilômetros a pé..) para aprender e comer a merenda, que na maioria das vezes, sua única refeição do dia.
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Quando estava cursando Psicologia tive uma professora de Desenvolvimento Humano I, que pediu um trabalho:
– Memórias da minha vida;
Onde narraríamos nossos registros até a atualidade. Um trabalho que precisou da ajuda de nossos ancestrais e cuidadores, afinal, como resgatar nossas dificuldades e conquistas de quando éramos bebês?!
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Conheci pessoalmente o projeto ‘História Viva’², ponte entre o passado e futuro. Ouvíamos idosos em casas de repousos, transformávamos aqueles relatos em contos e estórias. Depois contávamos, através do lúdico, para crianças e elas por sua vez, faziam cartas e desenhos sobre o que ouviram. Retornávamos para a casa de repouso, entregando as ilustrações realizadas pelas crianças, das narrativas contadas no começo da ponte.
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Recentemente, tive o privilégio de conhecer um professor de História que ensinou a importância de estudarmos ‘A Dimensão Psicológica do Autoritarismo’, para não cairmos nas alienações sociais e permitindo (r)existir aos sistemas perversos que procuram anular as subjetividades e diversidades dos pensamentos. “O Pensar não pode prosperar.”
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Acredito que a História para nós, que estudamos Psicanálise, é fundamental e intrínseca. Como entender a psiquê humana se não conhecemos a ancestralidade social e as consequências de ‘estar no mundo’ daquele Sujeito? Como bancar nossas escolhas se esquecermos do passado?
A História é uma disciplina que nos molda como seres humanos e ao mesmo tempo, nos recriamos (culturalmente) em diversos modos de estar e ser no mundo. Através dela, é possível interrogarmos o interno e externo das múltiplas cosmovisões.
Estudar o Ethos Humanos³ (Comportamento, Subjetividade e Lugar) para assim, construirmos um futuro mais justo e harmônico.
Agradeço a cada professor(a) de História que tive em minha vida, agradeço as centenas de autoras e autores de livros/artigos/crônicas/diários4 que li, agradeço aos contadores de histórias que deparei na jornada, agradeço aos meus amigos que estudaram e ainda se debruçam nesta disciplina.
Vocês são criadores de IMAGINÁRIOS! <3
Vocês são RESISTÊNCIA! ✊
1. Sobre o dia nacional da História:
Origem do Dia do Historiador 19 de agosto
2. Para conhecer melhor o projeto ‘História Viva’ acessem:
3. Para conhecer melhor o Ethos Humano, indico a tese da professora Sandra Ribeiro em:
4. Diários não são pertinentes a leitura – salvo se os autores permitirem – porém aqui eu indico e agradeço as obras: ‘O Diário de Anne Frank’, ‘Quarto de Despejo’ de Carolina Maria de Jesus, ‘Memórias de um Doente dos Nervos’ de Daniel Paul Schreber e, ‘O Diário Clínico’ de Sándor Ferenczi.
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Recomendo também, para entender melhor a importância da disciplina História em nossas vidas, como povo brasileiro, a leitura: “Por uma História Comparada das Ditaduras”. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da.et alli. (orgs.). O Brasil e a Segunda Guerra Mundial.(Rio de Janeiro: Multifoco, 2010. pp.21-79.)
Disponível em: https://wagnerppdotcom.files.wordpress.com/2013/03/texto-chico-por-uma-histc3b3ria-comparada.pdf
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