Óbvio e logicamente, entendemos que _ ‘Dia das Mães’ não existe, também sabemos que o Capitalismo utiliza-se de datas comemorativas e afetivas para continuar na sua engrenagem de lucros (mestres e escravos). Mesmo sabendo disto tudo, crescemos e nos constituímos como sujeitos _ nesta cultura que saúda e venera uma data específica entre todos os outros dias do ano _ para lembrar do nosso amor incondicional a estas figuras que tanto _ cuidou e amparou ao longo das nossas vidas.
Aqui no Brasil comemora-se no 2° domingo de maio _ mas em outros países, a lembrança destas cuidadoras, vem com rituais ancestrais e até na primavera, onde comemora-se a renovação da Natureza.
Uma data que não sabemos ao certo sua origem, que está há séculos, acompanhando nas mais diversas civilizações e histórias.
A Psicanálise diz que _ ‘mãe’ é nosso primeiro ‘objeto’ de amor. É uma função de cuidados que vai além do gênero.
O bebê humano só existe se estiver aos cuidados do Outro. Este outro, vai fornecer a base para a sobrevivência: alimentação, higiene, calor, proteção, estímulos e linguagem.
O que diferencia o bebê humano de outros animais, é esta dependência _ e só nos tornamos “humanos” pela linguagem da cultura e regras sociais que _ nos moldam por toda a vida _ na eterna dependência com o outro.
Crescemos e nos defrontamos com os mais diversos desafios do ‘novo’; esperamos de um jeito ou outro _ atingir as expectativas desta figura da função materna, afinal, sua aprovação (ou o ideal atingido) nos movimenta perante a jornada.
O que fazer e, como fazer para retribuir cada olhar, acolhimento, ensino, que esta grande figura nos forneceu?
Antes da pandemia do Covid19 _o foco era celebrar com presentes, principalmente os materiais e industrializados. Centenas de propagandas com meses antes, para induzir as pessoas fixarem-se nos compromissos destes presentes.
Um amor tão intenso e verdadeiro _ seria recompensado ?
Será que existe algo que possa ser ‘esta moeda de troca’?
Como aliviar a angústia e tristeza por não estarmos juntos com estas ‘mães’, nos dias de hoje?
Muitas estão próximas, mas muitas estão no isolamento por também, prevenção e cuidados (ainda prevalece o amor).
Com o isolamento social, estamos aprendendo a (re)conectar com o outro e com nós mesmos. Verificamos _ cada instante quem somos nós, o que acreditamos e o que/quem nos faz falta.
Quase um retorno a fase pueril, aos primeiros cuidados necessários, mas com um agravante & uma oportunidade global: a infelicidade de um vírus nos separar com o contato da pele, dos afetos nos abraços e beijos.
Com a tecnologia temos a oportunidade de conexões com _mães que estão no Japão, com as vovós que mesmo se atrapalhando no celular, estão olhando e orando por nós através da telinha.
Quanta saudades do toque, do cheiro, do abraço apertado onde o ‘mundo para’ por _ segundos, aquele abraço de ‘coração para coração’.
Maldito vírus!Como ousa nos separar?
Tirar de nós este encontro presencial _ nesta data de lembranças e carinhos?!
-“Tudo passará. Se cuida!”
-“Vamos superar isto distantes para depois _ estar juntos na presença, comemorando o mais belo que existe: a vida.”
-“Está difícil, mas com solidariedade vamos superar este desafio.”
-“O mais difícil é a saudade.”
-“O espaço físico, jamais vai nos separar !”
Frases de mães.
Neste dia e em muitos outros possamos lembrar destas figuras maternas, estes mais intensos _ plurais _recintos de cuidados¹.
Um agradecimento especial:
Às mães da periferia que apesar da ausência dos deveres Estatais, lutam a cada dia, para que seus filhos não sofram com a desigualdade social;
Às mães adotivas que “estão renunciadas” em seu desejo de gestacionar mas mantêem a fé e amor à sua cria da vida;
Aquelas mães ‘sólo’ (por abandonos ou por escolhas) que fazem do crescimento de seus filhos _ a sua própria vitória, a cada dia;
Às mamães homoafetivas que _ descobrem e enfrentam pré-conceitos junto com seus ‘Chicões’²;
Às mães indígenas que são resistências nas suas ancestralidades e permanecem lutando para que os homens brancos, entendam o real valor da Mãe Natureza..
.
Gratidão pela vida, mãezinhas queridas. Estamos juntas virtualmente, mas _ com o amor mais presente do que nunca.
Assim seja ! <3
1.Recinto de cuidados, parafraseando a música “Minha Mãe”, de Gal Costa e Maria Bethânia.
2.Lembrando da nossa saudosa Cássia Eller, interpretando “1º de julho”, de Renato Russo.
No Comments Yet